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| Foto: Reprodução G1 MS |
A conversa entre Adão e Fernando só foi possível, porque o engenheiro agrônomo foi à propriedade rural do idoso para compartilhar as ferramentas necessárias para que o agricultor desenvolvesse e melhorasse a produção.
“Parece até novela de tão incrível que é essa história. Como o Seu Adão vive sozinho, faltava alguém disposto a ajudar. Quase quatro décadas sem ver os filhos e resolvemos em algumas horas de busca nas redes sociais. O que parecia inatingível estava ao alcance de uns cliques no celular”, relata o engenheiro agrônomo.
Fernando, que é extensionista rural no Instituto BioSistêmico (IBS), conseguiu localizar as filhas de Adão nas redes sociais em poucas horas. Depois, o reencontro foi agendado.
“Quando o Adão contou a história, percebi que poderia ser simples de resolver, não pensei duas vezes e fui atrás dos filhos. Fico muito feliz por contribuir para o reencontro dessa família”.
O reencontro
O reencontro foi em outubro do ano passado, mas a história dessa visita só foi compartilhada nesta semana. Há cerca de 40 anos, Adão vivia sem ter notícias dos quatro filhos e não tinha esperança de revê-las.
Mais precisamente, o reencontro foi no dia 17 de outubro de 2023. Ansioso para ver as filhas, Adão esperava ávido pelo abraço. Separados, a família saiu de Sinop (MT), rumo a Itaquiraí para o dia emocionante.
“Foi muita emoção rever minhas filhas, conhecer a bisneta, a neta, o marido dela. Eu não aguentei e caí no choro de tão feliz que estava”, relembra o aposentado.
“Foram dias felizes, colocando a conversa em dia, matando a saudade. Sinto-me aliviada, pois não sabia se ele ainda estava vivo e agora eu tenho meu pai de volta. Não tem preço o que o Fernando fez por nós. Seremos eternamente gratos a ele”, afirma Claudete dos Santos Morais, a filha mais velha de Adão, que organizou a viagem da família de Sinop para Itaquiraí.
Depois do reencontro, pai e filhos mantêm contato frequente por telefone. “Em maio, eu quero ir visitá-los em Sinop. Vai ser bom sair um pouco, ir passear em outra cidade, rever todos os meus filhos”, planeja Adão.
Trabalho no Paraguai fez família se distanciar
A década era a de 1980, a família toda morava em Sete Quedas, interior de Mato Grosso do Sul. Adão se separou da esposa e perdeu contato com o filho caçula e com a ex. As três filhas, do mesmo casamento, continuaram na cidade com ele, mas depois passaram a morar com os avós maternos, como o idoso relembra.
“Eu trabalhava como prestador de serviço em fazendas no Paraguai. Todo mês, eu ia visitar minhas filhas. Numa ocasião, depois que fiquei vários meses sem poder visitá-las por conta do trabalho, fui até a casa dos avós delas em Sete Quedas e não tinha mais ninguém. Eles se mudaram para outra cidade, e os vizinhos não souberam dizer para onde. Eu não tive meios para ir atrás deles, pois nem sabia que rumo tomar”, relembra Adão.
A filha mais velha de Adão lembra que ela, as irmãs e os avós se mudaram de Sete Quedas para Sinop em 1987. “Depois da mudança, nós nunca mais vimos nosso pai. Como não tínhamos telefone, era mais difícil. Não havia as facilidades de se comunicar como temos hoje”.
Após perder o contato com as filhas, Adão se mudou para o Paraguai e passou 20 anos trabalhando no país vizinho. No retorno, Adão escolheu Itaquiraí para viver, onde mora desde 2013 em um assentamento.
