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Hoje dia 19 de abril comemora-se o Dia dos Povos Indígenas. Estava comentando com meus amigos que precisava criar um conteúdo digital a respeito dessa data para a provedora de internet que trabalho e logo já ouvi “Ah, mas ‘índio’ nem usa internet”, “Índio nem precisa de tecnologia”, “Índio que usa internet é Nutella”. Gostaria de dizer que fiquei surpresa com esses comentários, mas não, essa é a realidade do pensamento do sul-mato-grossense médio.
Apesar de Mato Grosso do Sul ser o terceiro estado do país com a maior população indígena, é lamentável que esses povos ainda enfrentem desafios significativos para serem respeitados. O estado é predominantemente agrário, com extensas áreas dedicadas ao agronegócio, o que historicamente tem resultado em conflitos e até mesmo em tragédias, como o extermínio de comunidades indígenas.
Lembro-me do dia na faculdade de jornalismo em que discutimos sobre a representação dos povos indígenas na mídia e os desafios enfrentados na cobertura jornalística. Foi durante essa discussão que tive a oportunidade de ler o artigo da estimada Ângela Kempfer, do Campo Grande News, intitulado "Ninguém lê reportagem sobre índio". Naquele momento, percebi a dolorosa verdade por trás desse título. A verdade é essa, ninguém se preocupa com a própria história do Estado, com a cultura e nem com tragédias de conflitos que eles enfrentam pela demarcação de terra justa.
Estigmas como "Ah, mas 'índio' nem usa internet" só reforçam a visão equivocada de que os povos indígenas são um povo atrasado, preso no passado. No entanto, essa perspectiva está longe da realidade. Na verdade, a tecnologia tem desempenhado um papel fundamental na preservação e no avanço das comunidades indígenas. Através da internet, temos acesso a informações sobre suas lutas, conflitos e desafios, como as queimadas em suas terras e outros problemas enfrentados. Mesmo que a maioria do povo Sul-Mato-Grossense não ligue, é uma forma deles terem voz e conquistarem seu espaço.
Tecnologia, especialmente, internet não é mais considerado luxo, exclusivo para entretenimento e lazer, mas sim uma ferramenta poderosa e um instrumento de comunicação e mobilização.
Povos indígenas também precisam de internet.
Escrito por: Eduarda Victória (Jornalista)