Foto: Corpo de Bombeiros MS |
Na tarde desta segunda-feira, 24 de junho, bombeiros que navegavam pelo Rio Paraguai avistaram um ninho de tuiuiú em uma árvore seca, ameaçado pela aproximação de incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul. A área fica a cerca de 7 km de Corumbá.
“O ninho de tuiuiú estava em risco com a aproximação do fogo. Havia muito material combustível embaixo, o que poderia incendiar a árvore. Mobilizamos uma equipe na embarcação chamada Tuiuiú, que foi até o local com motobomba. Com água do Rio Paraguai, fizemos o combate, rescaldo e proteção da área”, explicou o capitão Samuel Pedrozo, chefe de operações dos bombeiros.
Emas no Pantanal/ Foto: Bruno Rezende |
O Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap) também está na região procurando animais feridos ou debilitados. Em uma das recentes varreduras, a equipe filmou uma onça caminhando em uma área queimada, desaparecendo rapidamente na vegetação. Desde quinta-feira, 20 de junho, biólogos, veterinários e técnicos do grupo passaram por várias áreas, incluindo Paraguai-Mirim, encontrando alguns animais mortos e muitos vivos, como veados, jacarés e aves, principalmente onde há recursos hídricos.
Utilizando tecnologia como drones, o Gretap avança de carro, barco, triciclos e a pé. Pantaneiros locais apoiam as buscas, e áreas alagadas próximas à água ainda resistem às chamas, servindo de abrigo para os animais.
A médica veterinária Franciele Oliveira destacou a importância das áreas alagadas para a sobrevivência da fauna: “Se não fossem essas águas, vazantes, baías, curixos, nada iria conseguir sobreviver a esse fogo”. A bióloga e médica veterinária Paula Helena Santa Rita, coordenadora operacional do grupo, comparou a situação atual com a temporada de incêndios de 2020: “O fogo está intenso, mas nas áreas onde foram trabalhados aceiros, os animais estão conseguindo fugir. O número de animais atingidos diretamente ainda é bem inferior”.
Em uma das buscas recentes, a equipe registrou pegadas de pequenos felinos, mas observou grande abundância de aves. As ações do Gretap são documentadas e divulgadas pelo projeto Mídia Ciência, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems) em parceria com a Fundect. Bruno Moser, integrante do projeto, acompanha o grupo em campo.
Entre os animais monitorados estão macacos bugios e uma família de emas. “Os bugios ficaram em poucas árvores restantes às margens do rio na mata ciliar”, explicou a médica veterinária Mariana Queiroz. Durante uma vistoria por drone, uma família de emas foi avistada entre as cinzas, clinicamente bem e sem queimaduras.
O Gretap resulta de uma união de esforços envolvendo órgãos governamentais, privados e o terceiro setor. Participam dessa ação, em parceria com o Governo do Estado, através da Semadesc e PMA (Polícia Militar Ambiental), a UCDB, Ibama e o Instituto Homem Pantaneiro (IHP).
“A ação imediata de diversos grupos, como o Gretap, bombeiros, brigadistas e pantaneiros, sinaliza uma vontade de não deixar a situação chegar ao nível de 2020. Independentemente de cor de farda, todos estão com o mesmo propósito”, concluiu Paula Santa Rita.
Foto: Corpo de Bombeiros |
Por: Lucas Lima - Jornal A Princesinha News
Com informações: Governo MS