Foto: ICAS/G1 |
O Projeto Tatu-Canastra, liderado pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), alcançou um marco histórico ao capturar o maior tatu-canastra macho já registrado no Pantanal nos últimos 14 anos. O animal, apelidado de Wolfgang, foi encontrado na Fazenda Baía das Pedras, na região da Nhecolândia, e impressiona por seu tamanho: 160 centímetros e 36 quilos.
A captura, realizada na primeira quinzena de outubro, possibilitou a realização de uma série de exames de saúde, além da instalação de um rádio transmissor VHF para monitorar os movimentos do animal. Segundo o ICAS, a coleta de material biológico de Wolfgang visa aprofundar o conhecimento sobre a reprodução de machos de tatu-canastra em vida livre, uma área ainda pouco estudada.
A responsável pelo procedimento foi a médica-veterinária e pesquisadora do ICAS, Carolina Lobo, que utilizou novas técnicas de eletrojaculação, um método inovador para estudar a reprodução de espécies selvagens. Lobo destaca que a aplicação dessas técnicas, originalmente desenvolvidas para animais domésticos, pode abrir caminho para uma melhor compreensão da biologia e fisiologia reprodutiva do tatu-canastra, além de outras espécies ameaçadas, como o tamanduá-bandeira.
“A validação dessas técnicas em vida livre pode representar um avanço crucial para a conservação desses gigantes da nossa fauna”, ressalta Lobo, cuja pesquisa é financiada pela Rufford Foundation, do Reino Unido. O estudo inclui a análise da qualidade do sêmen e da morfologia espermática, com o objetivo de, no futuro, viabilizar a criopreservação do material genético em um banco de germoplasma animal.
Essa captura histórica pode contribuir significativamente para os estudos reprodutivos da espécie, considerada rara e de difícil estudo em cativeiro. Em 2012, o ICAS registrou o primeiro filhote de tatu-canastra em vida livre, e em 2020, uma pesquisa estimou que os machos atingem a maturidade sexual por volta dos 8 anos, conforme o g1 MS.
Além de seu papel como "engenheiro do ecossistema", o tatu-canastra (Priodontes maximus) é fundamental para o equilíbrio dos ambientes onde habita. Suas tocas servem de abrigo térmico e refúgio para mais de 100 espécies de vertebrados. Classificado como vulnerável na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), a preservação do tatu-canastra é essencial para manter a saúde dos ecossistemas do Pantanal.
A instituição acredita que o monitoramento contínuo do tatu-canastra, como o realizado com Wolfgang, pode gerar importantes descobertas sobre a biologia da espécie e fortalecer ações de conservação para garantir a sobrevivência não só dessa espécie, mas também de outras que dependem diretamente dela.
Por: Marcos Vinicius - Jornal A Princesinha News