Foto: Leitor |
A manhã deste sábado (15) começou de forma inusitada na esquina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Aquidauana.
No local, foi encontrado um trabalho espiritual conhecido como "macumba", com velas acesas e pipoca espalhada pela rua Oscar Trindade de Barros, no Bairro da Serraria.
Até o momento, não se sabe quem realizou o ritual ou para quem ele foi direcionado. A cena chamou a atenção de moradores e curiosos que passavam pelo local.
Confira o vídeo;
MACUMBA
No Brasil, um país marcado pela diversidade cultural e religiosa, o livre exercício de cultos é garantido pela Constituição Federal. O artigo 5º, inciso VI, assegura a liberdade de crença e protege os locais de culto e suas liturgias, reafirmando que cada cidadão tem o direito de manifestar sua fé, independentemente da religião.
No entanto, práticas religiosas, especialmente as afro-brasileiras como o candomblé e a umbanda, ainda enfrentam desafios como o preconceito e a intolerância. Muitas vezes associadas ao termo "macumba", essas tradições carregam significados profundos e históricos, mas o termo é frequentemente usado de forma pejorativa. Para alguns, "macumba" se refere aos rituais ou "despachos" realizados, mas para outros é uma generalização que desrespeita a riqueza e a complexidade dessas religiões.
Direito e Proteção Legal
A legislação brasileira não apenas garante a liberdade de culto, mas também prevê punições para atitudes que desrespeitem as práticas religiosas. O Código Penal determina que é crime:
Escarnecer de alguém publicamente por motivo de crença ou função religiosa.
Impedir ou perturbar cerimônias ou práticas religiosas.
Vilipendiar publicamente atos ou objetos de culto religioso.
Essas proteções são fundamentais para combater atos de intolerância que, infelizmente, ainda são comuns, como a destruição de terreiros, interrupção de cerimônias e ataques verbais a praticantes.
As religiões afro-brasileiras têm raízes profundas, conectadas à herança cultural africana trazida pelos escravizados. Durante séculos, seus praticantes enfrentaram perseguição, mas mantiveram viva uma tradição que mistura espiritualidade, música, dança e uma conexão única com a natureza e os orixás.
A palavra "macumba", apesar de sua conotação depreciativa em alguns contextos, remete a instrumentos musicais e rituais em algumas tradições africanas. O uso pejorativo reflete um processo de marginalização das práticas religiosas afro-brasileiras, reforçado pelo racismo estrutural.
A convivência em um país diverso como o Brasil exige respeito e compreensão. Promover a educação sobre as diferentes tradições religiosas e combater o preconceito são passos essenciais para garantir a harmonia. O reconhecimento do valor das religiões afro-brasileiras não é apenas um ato de respeito, mas também uma forma de preservar uma parte importante da identidade cultural brasileira.
Assim, a liberdade de culto vai além de um direito constitucional; é uma celebração da diversidade e da convivência pacífica entre as diferentes expressões de fé. Em um país tão plural, a intolerância não pode ter espaço.
Por: Carlos Henrique - Jornal A Princesinha News